1988! Este foi o ano da última vez que Alvar Mayor foi publicado no Brasil, na saudosa revista "Aventura e Ficção" (Editora Abril).
O personagem:
Alvar Mayor foi um dos primeiros brancos nascidos na América, trabalha como guia através da América latina. Tem um senso de ética muito apurado, e, mesmo que não seja herói na acepção da palavra, se vê obrigado a intervir nos acontecimentos que atravessam seu caminho.
Todas as histórias são auto conclusivas e podem ser lidas separadamente, apesar de terem uma leve ligação e um senso de continuidade. A leitura da série como um todo permite perceber a evolução dos roteiros e desenhos e evidencia a alternância nos estilos de narrativa. As primeiras histórias tem um estilo mais concreto, mas logo em seguida a saga flerta com o surrealismo, apresentando histórias mais oníricas. Posteriormente, C. Trillo surpreende com narrativas mais poéticas e segue nesse ritmo alternante por toda a saga.
As histórias escritas por C. Trillo evidenciam a bestialidade e a crueldade dos colonizadores espanhóis, alternando entre o satírico e o sombrio em histórias extremamente concisas. Além disso, o roteirista se mune de lendas e relatos históricos para construir um quadrinho que surpreende de todas as maneiras.
Durante toda a série, Alvar Mayor caminha em busca de algo que em nenhum momento se explicita ao longo do texto. Há quem suspeite que o que Alvar Mayor procura a ele mesmo - sua própria identidade como pessoa e uma ideia mítica de felicidade. A mesma idealização da existência que o homem persegue hoje: a suspeita de que a vida tem que ser algo diferente do que vivemos.
A ARTE
Enrique Breccia, que começava a dar os primeiros passos da carreira longe do pai, já havia mostrado que tinha muita técnica. Agora, precisava mostrar que podia imprimir um estilo próprio e cativante em uma obra exclusivamente sua.
Seu traço em Alvar Mayor é elogiável: os desenhos são essencialmente expressionistas e realistas, trabalhando muito bem o uso do preto e branco puro na construção dos personagens e dos cenários. Por outro lado, Breccia consegue inserir no contexto da obra algumas feições exageradas que beiram o caricato - sem permitir que o leitor saia da atmosfera realista da história. Assim como nas obras de Hieronymous Bosch e em determinados desenhos de Albrecht Dürer, esse estilo caricato não tinha como objetivo ser realista: buscava expressar da maneira mais clara e grotesca possível a loucura.
Em 2018, 30 anos após a última aparição do personagem em edições brasileiras, a Editora Lorentz anuncia o seu retorno - com várias histórias inéditas e em ordem cronológica. A nova edição terá capa dura, formato grande e 224 páginas, compilando em ordem cronológica as 18 primeiras histórias da série.
Alvar Mayor é uma obra sensacional, repleta de aventura, misticismo, realismo fantástico e muito mais!
Capa dura! 224 páginas! Formato 20,3 x 27,6!
Visitem nosso site: http://editoralorentz.com.br/